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No mundo corporativo o famoso provérbio africano “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado" é uma verdade incontornável. A diversidade e complementaridade de perspetivas sobre um mesmo tema, problema a resolver, tem sido um fator diferenciador motivando parceiros internos e externos, valorizados pela sua participação em ecossistemas onde todos contribuem com um propósito comum para um impacto multiplicador. É também por isto que as parcerias são um valor fundamental para muitas empresas líderes.
É um facto que as lideranças estão a adaptar as empresas para mudanças nas práticas sociais, económicas e ambientais. Ao associarem-se para combinar competências, plataformas e outros recursos, procuram configurar impacto social e inovação em maior escala, e oportunidades de crescimento em mais domínios. Da saúde à educação, do setor social à tecnologia e serviços, da energia aos media, existem ecossistemas incríveis a serem (re)configurados todos os dias!
Tomemos, por exemplo, as parcerias que impulsionaram esforços globais para combater a pandemia de COVID-19. O Fórum Económico Mundial, a London School of Economics, AstraZeneca, Royal Philips, KPMG, Apollo Hospitals e European Observatory on Health Systems and Policies desenvolveram um conjunto de práticas recomendadas que são aplicáveis a outros desafios de saúde para além da pandemia - Partnership for Health System Sustainability and Resilience (PHSSR).
Outro exemplo é a Salesforce, que acredita que a tecnologia pode construir relacionamentos mais fortes para um mundo melhor, maximizando o impacto social, como aliás abordam no podcast “Force Multiplier: Action Meets Impact” (com Birgit Cameron, cofundadora e Head of Patagonia Provisions). O ponto de partida são problemas complexos, grandes demais para uma organização tentar resolver sozinha, como por exemplo os riscos da saúde mental dos adolescentes, exacerbados no contexto da pandemia. Chamam a esse tipo de oportunidade “multiplicadores de força” e, nestes exemplo, ativam campanhas sobre saúde mental em parceria com a UNICEF, com base no facto de que mais de um em cada sete adolescentes entre os 10 a 19 anos vivem com um transtorno mental diagnosticado. Muito para além de processos de transformação digital (incontornáveis para a sobrevivência das empresas), criaram parceria com impacto.
Um terceiro bom exemplo é a parceria entre o The Council for Inclusive Capitalism e o World Council for Sustainable Development, juntos em iniciativas sobre estratégia e planeamento sustentável, transição energética justa e critérios de medição/divulgação de capital humano e social. Estas iniciativas serão ativadas junto de empresas, com o objetivo de as mobilizar para colocarem o combate à desigualdade no centro da sua agenda para o crescimento sustentável.
Contudo, em algum momento, já sentimos que parcerias mal sucedidas desperdiçam tempo e prejudicam relacionamentos! As melhores práticas apontam para cinco “regras de ouro” básicas para evitar isso e construirmos parcerias eficazes:
i) Estabelecer uma agenda comum;
ii) Esclarecer quais os benefícios e resultados;
iii) Identificar os recursos de ambos os lados para construir e ativar um plano;
iv) Medir e partilhar permanentemente o progresso;
e v) Comunicar, comunicar, comunicar!
Como gestor, como líder, olhe ao seu redor, identifique potenciais parceiros que possam alavancar o seu impacto económico, social e ambiental, e se quiser ir longe, crie parcerias para o bem!
Nuno Vaz Neto, Docente na CATÓLICA-LISBON