O Dean que quer impactar o mundo
Apaixonado pela educação e pelo conhecimento, Filipe Santos é um académico e inovador social que procura criar valor e impactar o mundo.
Tem uma Licenciatura em Economia, um Mestrado em Gestão e um Doutoramento em Ciência e Engenharia de Gestão, com foco em Empreendedorismo, pela Stanford University, da qual recebeu o Prémio Lieberman por contribuições destacadas, incluindo ter sido Presidente do Conselho de Estudantes de Licenciatura. Foi Professor do INSEAD por mais de uma década, onde liderou o Centro de Empreendedorismo e lançou a Iniciativa de Empreendedorismo Social.
Na Católica Lisbon School of Business & Economics, é professor nas áreas de Inovação Social, Investimento de Impacto e Empreendedorismo Corporativo. A sua investigação centra-se nas áreas de estratégia, teoria organizacional, empreendedorismo, com foco no setor emergente da inovação social, investimento de impacto e inovação de modelos de negócio. Um repertório académico que já conta com 11.000 citações no Google Scholar. É também titular da Cátedra Fundação Amélia de Mello e da Cátedra em Inovação Social da Girl Move Academy.
Ao longo da sua vida, o Dean da CATÓLICA-LISBON procurou contribuir para o desenvolvimento de um sistema económico alinhado com a geração de bem-estar e prosperidade, assente na energia empreendedora de cidadãos que procuram propósito e impacto social. Os seus contributos para a sociedade são já reconhecidos por muitos. Entre 2015 e 2016, como funcionário público, desenhou e lançou a política pública de Inovação Social em Portugal, agora reconhecida como uma boa prática pela Comissão Europeia. Em 2019, recebeu o Prémio Mundial de Inovação Social pela Schwab Foundation for Social Entrepreneurship. No mesmo ano, era o único português, no mundo, a integrar a lista de High Impact Researchers da Clarivate Analytics, na área da Economia e Gestão. Em 2020, ganhou o Prémio de Investigação da Década, da Academy of Management Review, a publicação científica de maior prestígio mundial em Teoria da Gestão, pelo seu artigo:
"When Worlds Collide: The Internal Dynamics of Organizational Responses to Conflicting Institutional Demands".
Para o conhecermos melhor, fomos entrevistá-lo
Quem é Filipe Santos? Como é que se descreve a si próprio?
Descrevo-me como um académico e empreendedor social que quer mudar o mundo. Acredito que a procura, codificação e partilha de conhecimento é a base para a prosperidade das nossas sociedades. Assim, optei por seguir a minha carreira académica na área da gestão e da inovação. Também acredito que precisamos de agir como empreendedores, construindo e escalando novos projetos se quisermos ter um impacto na sociedade. Daí o foco do meu trabalho na inovação social e todos os projetos que lancei para desenvolver um ecossistema de apoio ao empreendedor social em Portugal e na Europa.
Em dezembro de 2016, e após mais de 10 anos no INSEAD onde lançou a área do Empreendedorismo Social, regressou a Portugal e retomou a sua carreira académica na CATÓLICA-LISBON, como Professor Catedrático, detentor da Cátedra em Empreendedorismo Social, onde, pouco tempo depois, foi convidado a fazer parte da Equipa de Gestão da Escola. O que mais o atraiu neste projeto?
A CATÓLICA-LISBON é uma escola fantástica com um corpo docente de nível mundial e um staff com um nível de dedicação e empenho que não encontrei em nenhuma outra organização com a qual já trabalhei. É já uma das melhores escolas de negócios da Europa, pioneira nacional em várias áreas, desde o lançamento da Licenciatura em Gestão, à aposta nos processos de Acreditação Internacional, à internacionalização de docentes e alunos. Acho que podemos ir ainda mais longe em termos do impacto que queremos ter junto dos nossos alunos, parceiros corporativos e sociedade.
Em janeiro de 2019 foi convidado a assumir o cargo de Dean da CATÓLICA-LISBON. O seu mandato foi renovado em janeiro de 2021. Como enfrentou este desafio?
Com muita humildade e entusiasmo. Humildade, porque dirigir uma Escola é antes de tudo servir uma comunidade académica e cumprir um projeto institucional, com ética e ousadia. Entusiasmo, pois a CATÓLICA-LISBON tem um enorme potencial de desenvolvimento e tem uma missão a cumprir - gerar impacto nos alunos e na sociedade através da investigação e da educação com rigor, relevância e excelência.
Considera que a sua experiência ligada ao empreendedorismo social é uma mais-valia para conduzir os destinos de uma Escola como a CATÓLICA-LISBON?
Sim, no sentido de que os empreendedores sociais se destacam em antecipar os desafios do futuro e projetar soluções inovadoras para esses desafios. Essas soluções envolvem múltiplos parceiros e requerem um esforço coletivo. Liderar uma Escola de excelência como a CATÓLICA-LISBON obriga-nos a pensar nos desafios da nossa sociedade nas áreas da Gestão e da Economia, e como a comunidade CATÓLICA-LISBON os pode responder.
Quais considera serem os principais pontos fortes da CATÓLICA-LISBON?
O seu corpo docente de classe mundial em investigação e ensino. A dedicação e competência do nosso staff. A maior, mais influente e bem-sucedida rede de Alumni em Gestão e Economia em Portugal.
E quais você acha que são os principais desafios que tem que enfrentar?
Já temos a infraestrutura de conhecimento necessária para o futuro, mas estamos a crescer para além da nossa infraestrutura física. Precisamos, em articulação com a Reitoria da Universidade Católica Portuguesa, de mobilizar um conjunto forte de parceiros para a construção da expansão do Campus Veritati da universidade. Acredito que este será um projeto mobilizador para toda a Universidade e para a sociedade portuguesa.
Foi convidado a liderar uma Escola que é considerada de forma consistente pelo Financial Times, uma das melhores Business Schools da Europa. Quais são os principais objetivos que pretende alcançar para melhorar ainda mais a posição da Escola neste prestigiado ranking?
Para mim, os rankings são um instrumento para o sucesso e não o objetivo final. Faremos o que for necessário para termos um projeto académico de excelência e impacto. Os rankings refletirão o nosso sucesso em criar valor constantemente para os nossos alunos e os nossos parceiros de negócios e institucionais. O nosso mercado de referência será cada vez mais o mercado europeu em tudo o que fazemos. E também nos concentraremos em parcerias internacionais fora da Europa.
Acredito que Portugal tem a oportunidade de se posicionar como um país líder no ensino e na investigação em Gestão. A CATÓLICA-LISBON estará na vanguarda deste posicionamento.
O mundo está cada vez mais exigente e competitivo. Quais devem ser as principais características e competências que os gestores devem ter para serem verdadeiros líderes?
Acredito que liderar é servir aos outros. Com o exercício da autoridade, vem uma enorme responsabilidade. Um líder deve delegar as decisões fáceis e assumir as escolhas difíceis, sempre com respeito pelo próximo e transparência nos processos. Tem que se criar uma organização e implementar uma estratégia coletiva com a qual todos se identifiquem. Projetar um modelo organizacional onde as pessoas sejam autónomas e não dependentes do líder. Para mim, a marca de um líder é saber fortalecer a sua organização em capacidade e autonomia, ao ponto da sua saída não fazer diferença.
Que conselho gostaria de deixar aos atuais alunos da Escola?
A vossa geração é a mais informada, conectada e responsável de todos os tempos. É vossa responsabilidade liderar os destinos da nossa sociedade. Não sejam conformistas, mas ousados e empreendedores. Não se concentrem no que podem obter para si mesmos, mas no que podem criar para todos. O vosso sucesso profissional e realização pessoal dependerão do vosso compromisso em criar valor em tudo o que fazem, na família, na comunidade, nas empresas, no país e no planeta.
Como gostaria de ficar conhecido enquanto Dean da CATÓLICA-LISBON?
Como o Dean que uniu toda a comunidade CATÓLICA-LISBON em torno de um projeto ambicioso e agregador, fortalecendo a Escola e o seu impacto junto dos alunos e da sociedade.
Gostaria de ajudar a construir uma Escola que, pelos conhecimentos de craveira que gera, pelo ensino rigoroso e inspirador que proporciona e pelos projetos mobilizadores que desenvolve, se torne uma referência na melhoria da sociedade, no progresso dos cidadãos e na vitalidade de empresas como motores de criação de valor.
O homem por trás do Dean
"Sou apaixonado por empreendedorismo, mas percebi que o capitalismo de mercado só trará prosperidade se criarmos, em conjunto com o crescente movimento do empreendedorismo comercial, um forte movimento de cidadãos para empreender e inovar, com o objetivo de melhorar a sociedade, ”explica Filipe Santos.
O seu sucesso deve-se em parte à sua capacidade de "perceber as ideias-chave mais relevantes para a prática e de organizá-las e transmiti-las de uma forma inspiradora", diz ele. Como professor, o que o motiva é "inspirar os alunos a serem agentes de mudança". “Sempre fui apaixonado pelo conhecimento, adoro criar modelos e ferramentas que o sistematizem e sejam úteis na prática.” Foi esta característica que levou à publicação do primeiro guia em português para empreendedores sociais, o “Manual para Transformar o Mundo”, desenvolvido pelo IES em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.
Nasceu e cresceu em Cascais, a sua “terra de sonho”, como diz, sendo um inveterado amante da praia. É doido pelos seus dois filhos adolescentes - um menino e uma menina. No desporto adora voleibol e é apaixonado pelo ténis de mesa, que pratica regularmente e que dá forma a um dos sonhos a realizar: ser jogador profissional. O outro sonho, quase adivinhamos: “Contribuir de forma importante para construir uma Europa forte e unida”.
O Filme da sua vida
"O Senhor dos Anéis", a história da eterna luta entre o bem e o mal em que os verdadeiros heróis são os menores e mais humildes seres - os hobbits.
Milestones
- Cheguei à Universidade de Stanford em 14 de setembro de 1998 para iniciar o meu doutoramento e um novo capítulo na minha vida.
- O nascimento dos meus filhos em 2006 e 2008;
- A decisão "um tanto radical" em 2007 de redirecionar a minha carreira académica para a área emergente do Empreendedorismo Social;
- Conhecer o Papa Francisco em 2014;
- Ter lançado uma nova política pública com Portugal Inovação Social em 2015.