A questão que hoje se coloca é que “figurinos” podem as empresas explorar como alternativa ou complementares ao tradicional presencialismo, com vantagens para os negócios e para os colaboradores

A realidade criada pela Covid-19 trouxe consigo a descoberta por muitas empresas do teletrabalho, que chegou como uma inevitabilidade.

Com vantagens e limitações:

  • Uns dizem que trabalham mais e melhor em casa do que quando estavam no escritório;
  • Outros dizem que lhes é difícil manterem-se focados, sobretudo pela gestão familiar que têm de fazer e que trabalham melhor no escritório;
  • Há os que dizem que gerem os horários de forma diferente: mais tempo de intervalo para o almoço, terminando de trabalhar mais tarde;
  • Existe alguma unanimidade quanto à falta da relação presencial, aquele cumprimento one-to-one, que aproxima informalmente as pessoas e facilita a resolução de problemas.

 

Interessante tem sido igualmente acompanhar as reações de alguns líderes.

De uma primeira fase de algum ceticismo (as pessoas vão trabalhar menos), muitos estão a constatar que “as coisas aparecem feitas na mesma”, que nada parou (para além das contingências do contexto).

A questão, então, que hoje se coloca é: que “figurinos” podem as empresas explorar como alternativa ou complementar ao tradicional presencialismo, que tragam vantagens para os negócios (produtividade ou custos) e para os colaboradores (deslocações e conciliação com a família).

O teletrabalho não é o único modelo. Vejamos outros exemplos:

  • Jornada contínua;
  • Semanas alternadas entre membros das equipas;
  • Parte da semana no escritório e parte em trabalho a partir de casa;
  • Ter um dia por semana em que todos os membros da equipa trabalham juntos no escritório e nos restantes dias trabalham a partir de casa.

Dadas as condições sociais do nosso país, diria que outras hipóteses (como, por exemplo, trabalho a tempo parcial, períodos intercalares de trabalho com períodos de descanso ao longo do ano) serão mais difíceis de ver implementadas.

Esta visão coloca um desafio aos líderes: como proporcionar a cada colaborador uma boa experiência na empresa, compatibilizando as necessidades do negócio com as necessidades ou expectativas de cada um.

Fácil? Não. Mas será o caminho! Os líderes que o percorrerem terão mais êxito na retenção e no compromisso das suas equipas, com impactos seguramente nos resultados do negócio.

Para evoluirmos no sentido de considerar diversas formas de trabalhar, destacaria 8 fatores:

  1. Perceber que funções se podem adequar a diferentes formas de trabalhar, com vantagens para o negócio e para os colaboradores;
  2. Conhecer muito bem cada colaborador da sua equipa, sabendo o que melhor se adequa a cada um;
  3. Assegurar as ferramentas que permitam as novas formas de trabalho eleitas;
  4. Estabelecer objetivos mensuráveis/verificáveis para cada função, que permitam o seu seguimento em qualquer ambiente de trabalho;
  5. Continuar a investir na educação para a digitalização dos colaboradores;
  6. Criar pilotos, que permitam ir percebendo e medindo a respetiva efetividade, podendo-se ajustar ou recuar, se necessário;
  7. Criar rotinas que assegurem a proximidade entre toda a equipa, mesmo que todos trabalhem remotamente. Um “café digital” a uma hora previamente combinada, fará toda a diferença;
  8. Fazer um acompanhamento próximo de cada um dos colaboradores, sabendo, para além de aspetos de trabalho, como está a decorrer a forma implementada de prestação de trabalho.

Vamos transformar uma inevitabilidade numa oportunidade e dar um passo de gigante na forma de organizar o trabalho. A tecnologia já o permite. Agora, é a vez dos líderes fazerem a diferença!

Isabel Viegas, Professor da CATÓLICA-LISBON.